|
|
|
|
01 NOV A 01 DEZ 08 ........................................................................ |
|
ANA AFONSO |
|
FÁBULAS |
|
|
|
|
|
SALA EA-1.25 ESCOLA DE ARQUITECTURA | |
................................................................................................. | |
|
|
Os trabalhos presentes nesta exposição surgem na continuação de uma
linha temática que tenho vindo a desenvolver. O tema «Fábulas»
permite-me (teoricamente) explorar e ensaiar sobre a humanidade do
outro, ou mesmo, sobre a falta dela - sem que isso seja necessariamente
um aspecto negativo. Neste âmbito, as personagens são transeuntes que
raramente notam que estão a ser observados, seguem a sua rotina e dão
vida a um lugar onde a essência se traduz na aparência.
A
génese da minha pesquisa é anterior a esta corrente e intenção
fashionable do momento. Embora seja impossível datar os primeiros
esboços e o interesse pelo tema, penso que tudo se terá tornado
consciente e incontornável em 1999 perante as impressões digitais dos "Manimals"
de Daniel Lee em Lisboa.
Definida assim a matriz teórica, a execução prática do desenho obedece à heurística de uma composição morfológica: são as linhas de força (da estrutura que se vai revelando no papel) que ditam o passo seguinte. As personagens nascem de um processo de desenho hedónico e racional que vai esboçando e seleccionando hipóteses de relação de volumes entre corpo, postura, "fisionomia" e composição. O desenho é o acto pelo qual, alternando entre voyeur e escultora bidimensional vou compreendendo e seleccionando as formas que me permitem edificar e co-habitar temporariamente nestes espaços que nascem de facto.
O
meu desenho não concretiza uma imagem mental que "vejo" e quero
traduzir. Se eu o visse deveras, em imaginação, e o resultado fosse uma
"projecção" do que já conheço, perderia a satisfação da surpresa e da
revelação e, nesse momento, deixaria de desenhar. Desenho porque ao
fazê-lo me descubro e construo, articulando no suporte parcelas de
realidade e intenções que se encaixam, acertam e consertam, seguindo a
sua própria (e verdadeira) natureza - …como o escorpião das fábulas.
[1] termo alemão cuja tradução significa espírito de época ou espírito
do tempo. O Zeitgeist significa, em suma, o nível de avanço
intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características
genéricas de um determinado período de tempo. |
Ana Afonso, 1977. |
.................................................................................................. |